O pasquim da nação teve acesso a umas imagens onde
podemos apreciar os dotes improváveis de algumas funcionárias do Campus da
Justiça a ensaiar uma dança do varão. O pasquim publica as imagens com a
intenção óbvia de meter meio mundo a comentar o sucedido, esperando da
população em geral mais uma série de ejaculações precoce de indignação
inconsequente. É assim que se vendem jornais, tal como se podia vender
pornografia ou outra coisa qualquer: vai-se ao encontro das ambições mais
básicas do público-alvo.
Não censuro o pasquim, faz com inquestionável mérito o seu trabalho de escaravelho. Muito menos censuro as funcionárias do Campus. Quanto a estas, só tenho elogios para expressar e muito me agradaria poder apreciar in loco tais dotes (com toga e martelo na mão). Sim, reconheço ter fantasias eróticas algo estranhas. É a vida. Também não censuro o cidadão indignado, pois dele não há que esperar outra coisa senão que se indigne, que aproveite a sua vida a indignar-se, que se revolte contra este e contra todos os momentos de descontracção no trabalho, que reivindique o mundo sisudo, cinzento, orwelliano que por certo repousa recalcado no seu íntimo. O cidadão indignado é boa pessoa, merece-me respeito.
Devo, no entanto, expressar a minha tristeza por não estar ao alcance do pasquim mostrar-nos a vida do tipo ou da tipa que lhe fez chegar tais imagens. A minha curiosidade mórbida recai sempre sobre os bufos. Tenho para mim que a vida dos bufos é exemplar, seria óptima de se ver e de se partilhar, de se comentar, tenho para mim que a vida da pessoa que filmou aquele momento de descontracção laboral e a fez chegar ao pasquim tem no seu íntimo um superego deveras eficiente, não se mete nestas poucas vergonhas, é funcionário exemplar e aplicado, vive a sua existência entre a casa e o trabalho carregando para casa trabalhos que não foi capaz de concretizar durante o dia tal a balbúrdia no Campus. Ou então é um voyeur encapotado, tipo os mirones que vão espreitar praias de naturistas e praticam a bela arte do onanismo com vergonha de si próprios.
Não quero fazer psicologia, não está ao meu alcance compreender tais mentes. Mas gostaria de ter oportunidade de assistir à vida de um cabotino do género como posso hoje deliciar-me com as funcionárias do Campus. Seria de elementar justiça. Daqui, pois, o meu sincero, honesto e cúmplice agradecimento às bailarinas. Que não se envergonhem de ser humanas e dancem e bebam e sejam felizes. Já aos bufos, desejo apenas que continuem a ter vergonha de si próprios. Terão, por certo, lugar reservado nos céus.
Não censuro o pasquim, faz com inquestionável mérito o seu trabalho de escaravelho. Muito menos censuro as funcionárias do Campus. Quanto a estas, só tenho elogios para expressar e muito me agradaria poder apreciar in loco tais dotes (com toga e martelo na mão). Sim, reconheço ter fantasias eróticas algo estranhas. É a vida. Também não censuro o cidadão indignado, pois dele não há que esperar outra coisa senão que se indigne, que aproveite a sua vida a indignar-se, que se revolte contra este e contra todos os momentos de descontracção no trabalho, que reivindique o mundo sisudo, cinzento, orwelliano que por certo repousa recalcado no seu íntimo. O cidadão indignado é boa pessoa, merece-me respeito.
Devo, no entanto, expressar a minha tristeza por não estar ao alcance do pasquim mostrar-nos a vida do tipo ou da tipa que lhe fez chegar tais imagens. A minha curiosidade mórbida recai sempre sobre os bufos. Tenho para mim que a vida dos bufos é exemplar, seria óptima de se ver e de se partilhar, de se comentar, tenho para mim que a vida da pessoa que filmou aquele momento de descontracção laboral e a fez chegar ao pasquim tem no seu íntimo um superego deveras eficiente, não se mete nestas poucas vergonhas, é funcionário exemplar e aplicado, vive a sua existência entre a casa e o trabalho carregando para casa trabalhos que não foi capaz de concretizar durante o dia tal a balbúrdia no Campus. Ou então é um voyeur encapotado, tipo os mirones que vão espreitar praias de naturistas e praticam a bela arte do onanismo com vergonha de si próprios.
Não quero fazer psicologia, não está ao meu alcance compreender tais mentes. Mas gostaria de ter oportunidade de assistir à vida de um cabotino do género como posso hoje deliciar-me com as funcionárias do Campus. Seria de elementar justiça. Daqui, pois, o meu sincero, honesto e cúmplice agradecimento às bailarinas. Que não se envergonhem de ser humanas e dancem e bebam e sejam felizes. Já aos bufos, desejo apenas que continuem a ter vergonha de si próprios. Terão, por certo, lugar reservado nos céus.
5 comentários:
magnifico texto.
Respira-se ar fresco neste post.
É pena que não se exibam vídeos sobre as péssimas condições em que trabalham os funcionários judiciais e as muitas horas não remuneradas que trabalham.
Sempre me intrigaram os bufos e os paparazzi num misto de fascinação e pena. Até que concluí, com pena, que muitos dos bufos eram os próprios visados, o que fez cair a fascinação!
Não penso ser este o caso, mas à desconfiança pelos bufos eu junto a desconfiança pelo público, sem audiência não haveria notícia, por mais bufos que houvesse. Sofia
Opá, tão bom :D
Agradecido. :-)
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