sexta-feira, 26 de agosto de 2016

CRUZAMENTO


Posso ter falhado em muitos dos caminhos da vida, por vezes atalhei e foi pior a emenda do que o soneto. Posso ter, como se diz, metido o pé na argola com diversas opções, ter virado à esquerda ou à direita sem prever consequências. Posso até ter perdido o sentido de orientação em momentos para os quais seria indispensável o norte que me faltou. Mas neste cruzamento nunca me perdi, soube sempre para onde me voltar, que caminho seguir, por onde continuar. Por duas vezes aqui me vieram as lágrimas aos olhos, de pensar que jamais abriria pisca à direita ou continuaria em frente até ao fim da estrada. Atrás das placas havia pinheiros altos, vi um deles tombar de velho, sentei-me no meio da estrada só para escutar as pinhas caindo dos ramos como lágrimas pesadas. À noite, estes matagais são viveiros de grilos. A imaginação dança ao escutá-los, enquanto o coração repousa das dúvidas e das incertezas que o atormentam. Porque aqui os caminhos são certos, qualquer uma das opções será pela rara alegria de viver. 

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