quinta-feira, 25 de agosto de 2016

CREPÚSCULO


Fotografias do sol a pôr-se são uma vulgaridade. No entanto, ninguém resiste a registar pelo menos uma vez na vida o astro rei acoitando-se por detrás do horizonte. Porquê? Porque é bonito, porque a beleza, mesmo a mais vulgar das belezas, impressiona-nos sempre, extasia-nos, anima-nos, espanta-nos. Claro que nem toda a gente fotografa o pôr-do-sol da mesma maneira, nem todos descobrem e trabalham os mesmos aspectos desse momento deslumbrante. Fenómenos naturais são sempre motivo de derivações mentais, haverá boas e más interpretações dos mesmos. E, por consequência, boas e más representações dessas interpretações. Nem todas as fotografias do sol a pôr-se são em si mesmas belas, o que há de belo nelas é o registo de algo que em si mesmo é belo. Pudessem os nossos olhos reproduzir automaticamente o que vêem, filtrada a percepção pelas sensações e emoções despertas no corpo, e nenhum destas questões se colocaria. Talvez a melhor representação de um fenómeno destes sejamos nós próprios, ou seja, o modo como ele nos afecta e a consequente resposta que lhe damos diariamente enquanto pessoas. A questão é: se toda a gente percebe a beleza de um pôr-do-sol, por que será que nem toda a gente repercute tal beleza nas suas acções quotidianas? Por que será que as pessoas são feias com tão belos sois postos por perto? 

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