terça-feira, 24 de janeiro de 2017

TELEFONES DA PAZ

Há dias, dando continuidade a uma massacrante discussão sobre o estado do mundo, ouvia pacientemente alguém comparar os utilizadores de smartphones com os viciados em heroína, por causa da postura corporal curvada. Veio a conversa a propósito da impressão que terá feito ao sujeito a dedicação da minha filha Beatriz ao gadget. Como não sou utilizador, nem tenho inclinação para as tecnologias, escuto com muita paciência os fundamentalistas do mundo a preto e branco. Compreendo-os e aceito-lhes as amarguras como se fossem minhas. Não são, ainda que por vezes possa parecer que sim. Também eu tive de ouvir em tempos lamentos por andar constantemente com os olhos enfiados nos livros, como se isso fosse vício e se castigasse este a si próprio. Desconfio que a relação dos miúdos com a imagem possa vir a formar “godards” no futuro, assim saibam pais e educadores contextualizar vantagens e desvantagens, virtudes e vícios, deste novo mundo que é o nosso. De resto, também nunca me impressionou especialmente a postura dos drogados. Indigna-me mais o beija mão dos bem instalados. Agora leio este post, de amigo com quem gostaria de poder confraternizar mais. Estou sempre a aprender com ele, ao contrário do que me acontece com tantos outros:

Sou do papel. Velho ou novo, poeirento ou manchado. Mas reconheço a utilidade da tecnologia. Dos smartphones. Em muitos casos são pacificadores. Potencialmente integradores. Há tempos contava-me um amigo que no tempo da caça aos Pokemons via da sua janela em Tonsenhagen que até os odiados muçulmanos, as mulheres de burka e os filhos conviviam com os dolicocéfalos nórdicos perseguindo a caça virtual.
Muitas vezes, por economia de tempo, para me poupar à chatice de cozinhar subo ao restaurante costumeiro. O telefone, num restaurante com wi-fi tem ajudado na pacificação social.

2 comentários:

Anónimo disse...

Também vejo "vantagens". Sobre "desvantagens", no entanto, algumas são severas, como pode ser lido nos livros "Demência Digital", de Manfred Spitzer, ou "A Geração Superficial", de Nicholas Carr. O último é menos técnico e mais interessante.

hmbf disse...

Grato pelas referências.