A canção dos pássaros
op. 25, n.º 6
Delícia o dia primaveril lá e cá na alameda, a passear,
atraía-nos aquele lugar proibido tal um mistério a decifrar.
E sob o azul do céu tão azul a brisa de oeste soprava,
na tília para os seus pardalinhos uma mãe pardala cantava.
Em imagens de poeta e lendas coloridas tudo eu pintava;
dois olhos castanhos brilhavam, riam, e ela atenta escutava.
Lá em cima gorjeios e risos ouvíamos, alegres a chilrear;
mas nós demo-nos doce adeus para nunca mais nos encontrar.
E quando lá e cá na alameda passeio agora sozinho
não me dá paz nem repouso tão pequeno e penugento povinho.
Dona Pardala ouviu tudo ao partirmos, inocentes já separados,
e na canção que então fez ficámos nós bem musicados.
Escreveu-a na língua dos pássaros; e sob as frescas copas que havia
não há bico que não cante a história desse luminoso dia.
Henrik Ibsen (n. 20 de Março de 1828, Skien, Noruega - m. 23 de Maio de 1906, Oslo, Noruega), in DiVersos - Poesia e Tradução, n.º 25, Dezembro de 2016, trad. José Carlos Marques, Edições Sempre-em-Pé, p. 83.
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