terça-feira, 7 de março de 2017

DO RIDÍCULO

Por sermos, efectivamente, uma universidade onde a liberdade de pensamento e o pensamento crítico são promovidos, não compactuamos com eventos apresentados como debates sob a égide de propaganda ideológica dissimulada de cariz inconstitucional”.



Expliquem-me os visados em lógica aristotélica o que é que não bate certo no raciocínio supracitado. Vem isto a propósito de uma conferência cancelada. Jaime Nogueira Pinto, que gosto de ouvir à conversa com Ruben de Carvalho na Antena 1, ia à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa falar sobre “Populismo ou Democracia: O Brexit, Trump e Le Pen”. Ia, mas já não vai. A conferência foi cancelada por se temerem atentados como os de Paris, a acreditar nas comparações que Eduardo Pitta aqui alude. É uma pena que assim seja. Depois das ameaças alentejanas a Henrique Raposo, a esquerda radical aponta flechas a Nogueira Pinto. Como por cá é só fogaça, os atentados ficam sempre pelo tesão de mijo. E a direita a entreter-se com chuvas douradas. Cancelem-se os cancelamentos, por favor. Precisamos de mais sangue e de menos mijo.

Adenda: e sobre este assunto, Ricardo António Alves diz o que merece ser dito: aqui.

3 comentários:

R. disse...

Obrigado,
Abraço

MJLF disse...

Nunca deviam ter cancelado o raio da conferência, o homem foi para comunicação social falar em censura e etc. numa bela posição de vítima. O Observador então ficou ao rubro, estava tudo muito excitado. Foi a direção da FCSH que cancelou a conferência, alegou razões de segurança. Entretanto, ontem à tarde, segundo relatos que estive a ler, a faculdade foi invadida por cerca de 40 mânfios que foram lá ameaçar estudantes, tiraram fotografias a alguns dos que fazem parte da associação de estudantes e colocaram as fotografias a circular na Net com ameaças. Bom, isto aqui já me parece crime. Entretanto o PNR vai para a Av. de Berna fazer uma manif dia 21 de Março. Saúde

MJLF disse...

Da página da Associação de Estudantes da FCSH da Universidade Nova de Lisboa:

A Direcção da AEFCSH informa:

1. Ontem, Terça-feira, a direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH) da Universidade Nova de Lisboa foi invadida por quatro dezenas de indivíduos afectos à extrema-direita, que se identificaram como tal. Numa atitude claramente intimidatória, exigiram conhecer individualmente alguns dos membros da AEFCSH. A par desta iniciativa, as fotos de alguns dirigentes associativos foram publicadas em redes sociais da extrema-direita, sendo que quarenta pessoas prometeram voltar em maior número às instalações da AEFCSH. Hoje mesmo, o Partido Nacional Renovador, de extrema-direita e retórica neonazi, convocou uma concentração na FCSH para o próximo dia 21.

2. A direcção da AEFCSH reitera que nunca procurou impedir a existência de debate político nem a presença do professor Jaime Nogueira Pinto na faculdade. A direcção da AEFCSH limitou-se a dar seguimento a uma decisão da Reunião Geral de Alunos (RGA) que a mandatou para não ceder o auditório pedido pela organização Nova Portugalidade. Esta organização tem um perfil salazarista e a direcção da AEFCSH revê-se na preocupação estudantil à qual ficou vinculada pela RGA.

3. No seguimento da falta de consenso relativamente à realização do evento entre a comunidade estudantil, o director Francisco Caramelo e a Nova Portugalidade entraram em contacto para esclarecimentos. A Nova Portugalidade fez saber que pretendia trazer o seu próprio aparelho de segurança, materializando os receios de um alegado conflito. De seguida, a conferência foi cancelada pela direcção da faculdade. A direcção da AEFCSH só conheceu esta decisão depois de divulgada na comunicação social.

4. Perante a repercussão pública da decisão do director da FCSH e o que depois se passou, a direcção da AEFCSH reitera que:

-se mantém fiel ao mandato que a elegeu;
-não se deixará intimidar pela presença e ameaças de nenhum grupo de extrema-direita;
-não tem medo do debate livre, que nunca impediu e que continuará a promover na faculdade, assim como os valores democráticos pelos quais se rege.

Cordialmente,
A Direcção da AEFCSH"