Vejo anunciada mais uma antologia de poesia brasileira,
depois de já este ano a Elsinore ter dado à estampa, salvo seja, Naquela Língua
– Cem poemas e Alguns Mais, Antologia da Novíssima Poesia Brasileira. Há um
inegável fascínio pela poesia brasileira nas editoras portuguesas, muitas das
quais, limitadas nos seus recursos, vão fazendo surgir nos seus catálogos
diversos títulos de poetas brasileiros. Não posso deixar de notar a ausência de
um mesmo interesse para com a poesia que vai sendo praticada nos outros países
da lusofonia. O que andarão a escrever angolanos, cabo-verdianos, guineenses,
moçambicanos, são-tomenses, timorenses?
3 comentários:
Também me surpreende essa ausência de curiosidade. Não compreendo, por exemplo, porque é que as redes sociais raras vezes são usadas para contactar malta fora do círculo social imediato. Lamento que muitos façam tanto alarido na denúncia dos acordos ortográficos mas não mostrem o mínimo interesse em aprender diferentes versões do nosso léxico. Mas não é só isso. Há uma musicalidade específica a cada país que citaste que estamos a perder, por puro desinteresse. Quanto às interacções com o Brasil, creio (não tenho a certeza) que há subsídios e incentivos para a publicação de autores brasileiros em Portugal e vice-versa.
Será uma questão de incentivos?
Não, parecem haver afinidades sinceras e laços muito bem estreitados. Quanto aos outros países, a impressão é que o pouco que se vai publicando deles em Portugal foge à linguagem quotidiana e tem sempre de aludir ao "culto". O autor africano, para obter credibilidade em Portugal, tem de se meter a Ítaca, por mais tortuoso que seja o caminho. Por exemplo, reparei que no outro dia publicaste um vídeo da Kate Tempest, excelente poeta segundo a intelligentsia britânica. Aposto que em breve estará aí traduzida. Mas não estou a ver o mesmo tipo de editor que publicaria a Kate, interessado no que diz - e como está escrito - o rap que se anda a fazer em África.
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