É preciso escarafunchar para dar com a notícia: «Portugal
é dos países onde o peso dos salários na economia mais diminuiu». O busto do
Ronaldo é assunto premente, para quê gastar tempo com os dados da OIT? A
disparidade salarial continua a ser absurda no nosso país, mantendo-se a nação
do Ronaldo no pódio dos países mais desiguais. Levamos a taça para casa,
juntamo-la à taça do desinteresse, da burrice e do masoquismo, enchemos os
pulmões e berramos que nem animais: campeões!
Não é preciso, mas uma visita rápida à Feira das
Tasquinhas de Rio Maior serve de observatório. Em ano de autárquicas, o assunto
não podia ser outro. Eu estou contigo, eu estou com o outro, dá-se uma
justificação, tira-se uma fotografia, muitos abraços, sorrisos, apertos de mão
gordurosos. Aquilo regado a vinho e moelas é mesmo um vómito. Uma azáfama cheia
de cuidados, para não ferir sensibilidades. E a triste constatação de que os filhos não só replicam os vícios dos pais, como os amplificam.
O problema maior revela-se, precisamente, o emprego.
Parece que quem trabalha para o município não pode senão estar com o município,
sob pena de perder o belo trabalho. Justifica-se à entidade empregadora, faz a
vénia, segue descansadamente pelas vielas da parvoeira. Mais do que se
perpetuar, desse modo, a incompetência no poleiro, perpetuam-se tiques e
tendências fascistas a nível local que a gente julgava extintas.
Continua-se a falar baixo e por baixo, a política ali
encarna o papel da pura intriga, é do mais rasteiro e vazio que se pode
imaginar. Porque não se discute, porque não se gera conflito, simplesmente
porque se reduz à “clubite” saloia que demite toda a gente de pensar pela
própria cabeça. Para muitos será um descanso, visto nada terem na cabeça com
que pensar. Os outros são “uns intelectuais”, o pior insulto que se pode oferecer
a alguém por aquelas bandas.
Um atrofio de contradições, parolices, conversa de chacha, a mais exuberante mediocridade sem consciência de si própria. Presumo que noutros locais da nação seja semelhante o ambiente. Isto, esta coisa sem remédio, a vida na terrinha. Depois levam com o DJ Pato e todo um programa cultural de alto gabarito, ao preço da água que ali se paga, e fazem a festa. Enfim, têm o Centúrio que merecem.
Um atrofio de contradições, parolices, conversa de chacha, a mais exuberante mediocridade sem consciência de si própria. Presumo que noutros locais da nação seja semelhante o ambiente. Isto, esta coisa sem remédio, a vida na terrinha. Depois levam com o DJ Pato e todo um programa cultural de alto gabarito, ao preço da água que ali se paga, e fazem a festa. Enfim, têm o Centúrio que merecem.
1 comentário:
Sobre isso eu teria muito que falar também na minha "terrinha"...uf.
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