Agora que fitas com teus olhos,
encara e vê: aqui tudo é assim:
não há alegria,
ventura não há.
A terra é o lugar
do excessivo pranto,
lugar onde o ânimo se rende
e onde vivem
desdita e amargor.
Um vento de obsidiana
de lonjuras sopra
e sobre nós se abate.
De penosa alegria
é a terra morada,
de pungente alegria
é lugar.
Ainda porém que assim fosse,
ainda que verdade fora só sofrer,
ainda que fosse assim tudo na terra,
porquê ter sempre medo,
porquê sempre tremer,
porquê viver em pranto?
Para não padecermos,
para jamais a mágoa
nos sumir,
fez-nos o Espírito doação
do riso, deu-nos o sonho,
a força e o sustento,
e com o amor
que semeia outra gente
nos prendou.
Nauatle
Júlio Henriques, in Modas & Bordados d' Alice Corinde, Fenda, 1995, p. 140. «O náuatle (português brasileiro) ou nauatle (português
europeu), também chamado de asteca ou mexicano em sua fase
clássica, é uma língua pertencente à família uto-asteca, usada
pelos povos de mesmo nome e falada no território atualmente
correspondente à região central do México desde pelo menos o século
VII. No final do século XX, era falada por pouco menos de um milhão e meio de
pessoas» (aqui).
Sem comentários:
Enviar um comentário