PROVINCETOWN
O TEMPO está, como sempre, ajustando a nossa
cadeira no cais
para ficar ao sol.
A Graça pode ser fria,
uma frase indiferente sobre se chove ou não;
pública, um pouco inconfortável, implicando
um bárbaro cometimento.
A gente chega a esperar
apenas tanto do poente:
a canção de Lúcifer demora-se no ar; a noite
vem chegando com a maré
sob o cais.
Saboreei o sangue de um deus
em sonhos
Vim até aqui
A noite submerge barcos e a cidade, um frio
osso estremece na alma.
Vim até aqui, com medo,
sabendo
que o homem caminha sobre as águas.
Respigo esta tradução, da autoria de Jorge de Sena, no livro Poesia e Cultura (Caixotim, Outubro de 2005), onde Paul Carroll (n. 1926 - m. 1996, Carolina do Norte, EUA) surge apresentado como «um jovem poeta norte-americano, católico (...). A sua poesia, tão densa, de uma tão contida e profunda emoção, documenta uma importante superação entre as fastidiosas pedantarias da poesia "universitária", que tem ultimamente dominado nos Estados Unidos, e um "populismo" muito convencional em que, no caminho aberto pelo grande Walt Whitman, muita poesia, e da boa, se perdeu» (pp. 139-140). Uma entrevista com o autor pode ser vista no YouTube: aqui, aqui, aqui e aqui.
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