Chego, via citação da Maria, a uma bela crónica assinada por António Guerreiro. Vale a pena ler na íntegra o que pode assim ficar resumido:
Para os que procuram o paraíso do sol e do céu azul, sem
constrangimentos, este clima é o “bom tempo”, como dizem os mensageiros desta
monotonia meteorológica. O “bom tempo” serve na perfeição a economia actual, o
turismo, a indústria do lazer. O homem da cidade vive numa ficção climática
para crianças e já não sabe quando e quanto deve chover. Ele acha, aliás, que
nunca devia chover nem fazer frio. E que o céu devia ser azul para sempre. Ao
serviço do homem da cidade, da sua ignorância e irresponsabilidade nesta
matéria, estão os jornais, a televisão, a rádio, a publicidade, toda a
informação, os poderes públicos, o poder político. Todas estas vozes — unânimes
— o persuadiram de que um mundo feliz é aquele em que nem uma gota de água cai
do céu e nem uma nuvem o escurece para vir perturbar os momentos de lazer ou
dificultar a chegada ao emprego. Por isso, ninguém atende às vozes
minoritárias, anacrónicas e sem acesso ao espaço público, que gritam “isto é o
inferno”.
António Guerreiro, aqui.
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