segunda-feira, 22 de maio de 2017

GLOBOS DE OURO

   Após uma semana atribulada, um fim-de-semana entre o agitado e o descomprimido, a noite de Domingo pedia forte lenitivo. Deitei-me no sofá a fingir que via os Globos de Ouro. Trata-se de uma festa que procura premiar talentos portugueses nas áreas da música e da moda, do desporto e do teatro, da televisão e do cinema (ainda há), com lugar a prémio revelação e carreira. A possibilidade de adormecer era forte, pelo que aos dois minutos já as pálpebras me tombavam sobre os globos. 
   Sucede que a espaços despertava, agitado pela algazarra, pelo colorido ou pela maquilhagem incandescente das diversas personagens ali colocadas como quem espalha bibelots pela casa. Sei que o ambiente nestas coisas presta-se ao piroso, mas jamais me passaria pela cabeça que nesses instantes de despertar eu pudesse ser estremunhado por personagens de tal forma delirantes que ficava sem saber ser real ou irreal o que meus olhos saturados hesitavam percepcionar. 


   Medalha de bronze para este rapaz cujos talentos desconheço, com sapatos à Bento XVI e uma indumentária algures perdida entre o Cardeal Cerejeira e um monge tibetano daltónico. Tendo em conta o penteado, há também a forte possibilidade de ser só um surfista que se equivocou na data e no caminho. Queria ir ao Carnaval de Torres, acabou nos Globos do Coliseu.  


   A medalha de prata condiz com estas duas dignas representantes da estroinice chique. O aspecto de falsas gémeas é muito típico das mães que hoje em dia pretendem parecer-se com as filhas permitindo que as filhas almejem parecer-se com as mães. A ambas talvez fizessem falta cubos de enchimento, mas não podemos reclamar da louvável atitude austera ao tão bem terem reciclado os cortinados lá de casa


   Por fim, mas em primeiro, isto. Não me restam comentários. O ar aparentemente assustado da criança fala por si

3 comentários:

Anónimo disse...

:-)

Cuca, a Pirata disse...

Abre-se uma nova janela para o mundo quando se vê um poeta transformado em crítico de moda. Gostei desta dessa dimensão eclética. Saravá!

hmbf disse...

Chamar poeta ao escriba é um manifesto exagero. Quanto ao ecletismo, foi assumido desde a primeira hora. Fosse a minha vida só poesia, por certo estaria internado num hospício.