PANFLETO
A fúria silenciosa garatuja no lado interior das paredes.
Árvores de fruto em flor, o cuco canta.
É a anestesia primaveril. Mas a fúria silenciosa
pinta slogans na garagem do fim para o princípio.
Vemos tudo e nada, bem direitos como periscópios
manobrados pela tímida tripulação dos infernos.
É a guerra dos minutos. O sol abrasador
cai sobre o hospital, silo de estacionamento da dor.
Nós, pregos vivos pregados na sociedade!
Um dia libertar-nos-emos de tudo.
Sentiremos a aragem da morte nas nossas asas
e seremos mais condescendentes e mais selvagens do que até aqui.
Tomas Transtömer (n. 15 de Abril de 1931, Estocolmo, Suécia - m. 26 de Março de 2015, idem), in 50 Poemas, tradução de Alexandre Pastor, Relógio D'Água, Julho de 2012, p. 103.
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