domingo, 5 de novembro de 2017

ASSÉDIO

Subitamente veio à tona um arquipélago de lixo que, tal como o avistado por Charles Moore a sul do Pacífico, também merecia a sua bandeira. Por cá, os comentadores de serviço anseiam assédios à portuguesa. Não se passa nada? Para os moralistas, o problema será verem-se a breve trecho no papel daqueles que agora criticam por durante anos terem silenciado crimes que sabiam perpetrados. Vivem num dilema: o de serem bufos ou o de serem mesquinhos. Anda tudo em surdina, embuchado, ou não sabem mesmo de nada e é um diz que disse à maneira de balés Rose e casas pias. Há uma terceira e até uma quarta hipóteses, a de termos nos corredores do poder artístico, político, empresarial, mais tarantinos do que julgávamos. A quarta hipótese, talvez a que mais convenha a uma nação de beatos, é a de sermos todos santos, puros, eunucos, a quem penas suspensas expiam pecados mortais. Não é a isto que se chama hipocrisia? Olha que bela bandeira para o arquipélago de lixo vindo à tona lá fora, submerso cá dentro. 

Sem comentários: