terça-feira, 23 de janeiro de 2018

NICANOR PARRA (1914-2018)


Morreu o mestre. Na coluna do lado direito, encontrarão uma entrada para cerca de 80 poemas de Nicanor Parra que verti para português. Uns melhor, outros pior, todos com enorme gosto e uma única intenção: dar a ver. Podem ir directamente para lá clicando aqui. Relembro este:

EPITÁFIO

De estatura média,
Com uma voz nem fina nem grossa,
Filho mais velho de um professor primário
E de uma costureira humilde;
Fraco de nascimento
Ainda que devoto da boa mesa;
De maçãs macilentas
E de mais abundantes orelhas;
Com um rosto quadrado
No qual apenas os olhos se abrem
E um nariz de pugilista mulato
Por cima da boca de ídolo asteca
− Isto tudo banhado
Por uma luz entre irónica e pérfida −,
Nem muito lesto nem tonto no remate
Fui o que fui: uma mescla
De vinagre e de azeite virgem
Um enchido de anjo e besta!



Nicanor Parra, de Poemas y Antipoemas (1954).
Versão de HMBF.

P.S.: Lido o necrológio de Hugo Pinto Santos, aqui no Público, lembrei-me que em 2007 publiquei no n.º 12 da revista DiVersos algumas versões de poemas de Nicanor Parra. Lembrei-me eu, que ainda me vou lembrando de algumas coisas.

5 comentários:

Unknown disse...

Caro Henrique,

Embora conheça a obra do Nicanor Parra (a quem o Assis Pacheco chamava "o meu mestre") tenho curiosidade em ler as suas traduções, mas clicando no "link" fui direccionado para a mesma página inicial.

Cumprimentos,
Luís Maia Varela

Anónimo disse...

Para ele a "guerra de 14-18" durou 103 anos.

hmbf disse...

Caro Luís Maia Varela, olhe que não. Se começar a percorrer a página, verificará que o conteúdo é diferente apesar do primeiro post ser este mesmo.

Pedro Góis Nogueira disse...

Comecei a ler Nicanor Parra por aqui (devo-te essa) - até tornar-se o meu poeta vivo preferido no planeta - mas não foi tiro e queda, foi (ou teve mesmo de ser) gradual :)

hmbf disse...

Melhor assim, Pedro. abraço,