terça-feira, 28 de agosto de 2018

PEDRÓGÃO MESQUINHO



Acabei de ver a reportagem O Compadrio, sobre a magnanimidade portuguesa no pós-tragédia de Pedrógão Grande. Mais do mesmo. Vem tudo nos livros há imenso tempo. «Está tudo muito bem feito», garante sua excelência o Sr. Presidente da Câmara com ar macambúzio de sem-vergonha. Há muito que me recuso contribuir para estas causas colectivas, por julgar que não pode a sociedade civil substituir-se ao Estado nas suas obrigações mais elementares. Quando o Estado mete em mãos-rotas as suas funções, nomeadamente de fiscalização assertiva da aplicação de dinheiros públicos, dá nesta roda vida de trafulha a desculpar-se com as trafulhices dos outros. Uns que só fazem porque foram condicionados, outros que fazem por imitação, outros para não passarem por parvos. E o chico-esperto vai metendo ao bolso jeitinhos e favores sem que lhe pese uma coisa que os homens têm mas os animais não: consciência. Neste Portugal de gente bruta não há beijinho de Marcelo que domestique. Atento à tragédia, sempre estou para assistir ao que vai suceder a todos os trafulhas que se aproveitaram ali do mal geral para fazerem render bens particulares. Hei-de ficar para ver, hei-de, se Marcelo também os vai abraçar e apaparicar, promovendo a vigarice e o oportunismo que graça neste país desgraçado. «Andam a fazer casas só para os compadres», desabafa uma das inquiridas. Compadrios, pois, como sempre para mal das nossas virtudes. Puta que os pariu a todos, que deviam arder nos infernos da vergonha.

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