terça-feira, 18 de setembro de 2018

SOBRE PULHICE E OUTRAS MATÉRIAS


Como não estou minimamente interessado em conhecer as intenções de voto do Valupi, salto a cassete. Prefiro questões de fundo de gaveta, complexas, eventualmente tão improváveis como a existência de buracos negros no interior de buracos negros. Tipo: como compreender que um partido que se diz socialista governe sempre em reiterada contradição com os princípios mais elementares do socialismo? O Valupi foge à questão com uma questão: de que socialismo estamos a falar? Ora, segundo julgo saber, um princípio básico do socialismo é a igualdade de oportunidades. Valerá a pena falar de caciquismo? Valerá o esforço? O exemplo mais pungente nesta matéria é-nos logo oferecido pelo actual presidente do PS: «É um caso raro na política portuguesa: toda a família mais directa do líder parlamentar socialista, Carlos César, está em cargos de nomeação ou eleição política». Talvez a única coisa que possa ser desmentida na notícia é o tratar-se de caso raro. Quanto a pulhas, talvez não fosse má ideia recordar notícias sobre as mãos largas de alguns empresários neste país (aqui). A troco de quê tamanha caridade? Ou voltar a folhear “Os Donos de Portugal”. Ou espreitar os perfis nas redes sociais de alguns administradores e directores de empresas que engordam à custa dos salários miseráveis que pagam aos seus funcionários. Talvez fazendo tal esforço cheguemos a alguma conclusão, caso não as tenhamos já todas previamente definidas por uma qualquer cega fé na inocência dos pulhas.

1 comentário:

Valupi disse...

hmbf, fala-me sobre esse magnífico princípio socialista, a "igualdade de oportunidades". Quem o estabeleceu? Como se definiu? Onde se realizou? É realizável? Ou tão-só utópico? A não ser, como se concretiza?

É que apontar para as limitações, imperfeições, contradições - e quiçá antinomias - na prática governativa do PS face ao que te apeteça designar como "socialismo" não puxa carroça se não estiveres interessado nalguns momentos de honestidade intelectual.

Porém, e para além dessa "vexata quaestio", repito a minha cassete: que raio achas que tenho a ver com o PS?