Despertei sob as patas de um pássaro, sob
uma manta indígena,
ouviam-se relinchos e chocalhos distantes.
Será o único hotel? questionei, perdido entre cactos,
gente muito antiga, com máscaras de terra vermelha,
ginetes cobertos de alamares, mulheres
sempre nas praias ardentes da morte.
Saúdo os deuses com tequila e pimentão,
Sopra aqui aquela canção do mar entre caveiras de açúcar,
e de súbito tanto frenesim no meu coração,
o sabor da idolatria, o gosto por semelhantes estrelas, blusas
bordadas, cavalheirismos,
e a orquestra de esqueletos a fazer soar seus ossos cobertos
de
confettis,
despedindo-me, despedindo-me mais uma vez.
Despedindo-me destas matérias solares
de onde subitamente desperto perdido na minha memória.
Enrique Molina, traduzido por HMBF a partir da versão
coligida por Marta Ferrari, in Poesía Argentina - Antología esencial, vol.
7 da colecção La Estafeta del Viento, dirigida por Luis García Montero e
Jesús García Sánchez, Visor Libros, 2010, p. 63.
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