SONETO DO PERDIDO
Pode dizer-me onde estou, senhor?
Desorientei-me ao sair do botequim
Aquele da Travessa do Guarda-Mor,
Ali para o lado da Rua do Alecrim.
Estarei em Lisboa ou em Rio Maior?
No Porto, em Faro, Almeirim ou Santarém?
Estou porém certo de que não há melhor
Do que perguntar a questão a alguém.
Diga-me, por favor, onde vagueio.
O Norte está para ali, para onde eu vivo
E repetidas vezes faço eu este passeio.
O mundo é vago, com os guias de permeio
E os cicerones a indicar onde persigo
No meu viver tão triste e feio.
José Sesinando, in Obra Perfeitamente Incompleta, edição de Abel Barros Baptista e Luísa Costa Gomes, prefácio de Abel Barros Baptista, Edições Tinta-da-China, Junho de 2018, p. 186.
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