Se o destino quisesse que eu me tivesse feito escritor,
teria posto a minha mão direita contemplando o impossível da
minha mão esquerda, e as duas servindo ao sonho de eu
não estar aqui, mas outro homem com caneta escrevendo
a vida desse deus que podia ter cabido em meu lugar
só para sonhar homens de mais serventia para o alto.
Se o destino escrevesse direito, como o crer dos crentes, nas
linhas vesgas que hoje me desfiguram as mãos com rios
imperfeitos ou erros da gramática, fingindo a cura das almas
renitentes e de todas as faltas de sentido com palavras como
sol, destino, deus, rios, palavras, então eu abriria as mãos
para te mostrar
como rouba a vida tudo quanto fica escrito.
Rui Costa
17/06/2008 (originalmente publicado: aqui)
2 comentários:
Obrigada.
Saúde, mon chéri.
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