É um homem de lugares - dos seus lugares - e não é dado a viagens. Qual é a relação que tem com a ilha e os seus recantos?
Eu sou um homem de um só lugar. Este onde adormeço todos os dias, e onde hei-de ficar, em pó, no para sempre. / Esta ilha dá-me a minha memória. A história, e a sombra, dos meus passos. / O Mar que está à nossa volta ajuda-me a não ter horizonte. É uma espécie de canal entre a vida e o depois dela. / O Mar é todo igual, poderão dizer-me. / Não é, afirmo-o com convencimento. O meu Mar é a água que só os meus olhos vêem. / Os outros lugares, são outros lugares. Lugares de outros, das outras pessoas.
Emanuel Jorge Botelho, entrevistado por Nuno Costa Santos e João Pedro Porto, in Grotta - arquipélago de escritores, n.º 3, 2018/2019, direcção de Nuno Costa Santos, Publiçor / Letras Lavadas Edições.
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