Quase 11 anos a trabalhar numa livraria, e nunca foram
tantos os livros de Agustina que vendi como esta manhã. Não tendo sido o caso,
por circunstâncias muitas e por demais conhecidas, em Portugal o escritor poder
morrer à fome, que ninguém liga, pode viver na miséria, que ninguém sabe, pode
desunhar-se em tarefas várias para garantir pão na mesa, que o leitor está-se
nas tintas. Para quê ler Agustina quando temos Minh’alma? Mas morto o escritor,
ai Jesus que escarcéu. É preciso lê-lo, é urgente conhecê-lo, impõe-se que pelo
menos 1 livreco apodreça nas estantes para que ninguém diga de nós termos sido
descuidados. Força aos novos leitores de Agustina, desejo-lhes a melhor das aventuras
em torno da carcaça. Neste país de hienas, chacais e abutres, merecerão por
certo toda a nossa consideração. Afinal sempre a morte aguçou apetites.
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