domingo, 12 de janeiro de 2020

EU CIGANO ME CONFESSO


Portugal tem um problema com as minorias étnicas, apregoa-se aos quatro ventos e eu não discordo. A minoria étnica dos arrivistas, a minoria étnica dos oligarcas, entre outras minorias étnicas congéneres, são não apenas um, mas vários problemas com os quais a nossa ilustre nação se depara na actualidade. Penso, por exemplo, em Duarte Lima, o bom Domingos para os amigos, arrancado ao seio humilde de nove irmãos, algures em Miranda do Douro, rumando à capital sob alto patrocínio de gente capaz de sustentar estudos na Universidade Católica e nas melhores universidades italianas. Duarte, esse de quem se diz ter acabado a assassinar uma velhinha para lhe sacar o guito, é um problema para o país. Desconfio que haja nele algo de cigano que possa ser apontado e criticado e vilipendiado, assim como o há em José Sócrates, Zé dos Cofres para os amigos, nascido em Vilar de Maçada. Quem nasce numa terra com tal nome só pode trazer ruindade dentro de si, uma ruindade gitana como sói ser a de quem chega a primeiro-ministro e abandona o cargo cheio de bons samaritanos amigos de seu amigo. Eu, que sou cigano do lado da mãe e sarraceno do lado do pai, o mais que consegui na vida em matéria de esmolas foi uns trocos do Sousa Lara, que, como é sabido, faz parte dessa minoria étnica de políticos bafejados pela sorte das subvenções vitalícias. Fita-se o 4.º Marquês de Lara, 2.º Conde de Guedes, e o que se topa? Um cigano sob capa monárquica, só para disfarçar. É um problema para o país. De resto, esta gente tem-se organizado com o passar dos anos, já não são os dançarinos e cantadeiros ilustrados por Youssef Chahine no filme “O Destino”, muito menos os romanis atabalhoados e castiços de Emir Kusturica. Não, esta gente tem hoje ao seu serviço autênticas Mossad, com infiltrações em inúmeros serviços de informação de segurança, tentáculos espalhados pelo mundo com perfis falsos nas redes sociais, uma autêntica NSA, dita Agência de Segurança Nacional, supostamente americana, zíngara de verdade, que nos ludibria, manipula, marioneta. Cuidado com esta raça altamente sofisticada, capaz de se fazer passar por ilustres banqueiros nas pessoas de José de Oliveira e Costa, o do BPN, fiel amigo de seu amigo Cavaco, muito provavelmente também este etnicamente obscuro, ou João Rendeiro, o do BPP, o tal que é capaz de passar entre os pingos da chuva sem se molhar ou queimar ou lá o que é. São coisas que aprendem na escola de ciganos, magias. Depois iludem-nos com ricardos Quaresma e djangos Reinhardt, aquele a quem faltavam dedos, como leitoras de sina na Feira do Relógio. Sim, caros concidadãos, temos um grave problema a resolver com as nossas minorias étnicas. Eu, na qualidade de cigano, isto é, na falta de qualidades, quero aqui deixar o meu testemunho garantindo que nunca me cruzei com Ricardo Salgado, o Dono Disto Tudo (só a sigla já cheira a pesticida), excepto daquela vez, no Mercado de Santana, em que a minha senhora lhe tentou vender um jogo de lençóis bancos (sic) em sacos azuis, para que o cigano da Lapa pudesse ir amealhando trocos antes de se ver vilmente espoliado por uma justiça tão cega e lenta como as lemas. O Pedro Dias, esse bom homem, português de raça, é que a sabe toda, ele e o Manuel Palito e o Rei Ghob e a mulher do triatleta, mais uns quantos finos exemplares de puros lusitanos, denegridos por uma sociedade doentia que teima em não ver as coisas como elas são. E como são as coisas? São em forma de assim, já dizia o poeta e eu não discordo. Abaixo, pois então, os ciganos e todas as minorias étnicas que conspurcam a nossa nação com vis acções, cotadas na bolsa e nos paraísos fiscais da Madeira, paraíso onde os ciganos não chegam. Abaixo eu próprio, mim mesmo, que cigano me confesso. Abaixo toda essa gente minoritária, excepto os que expiam pecados na missa ao beijarem as mãos de padres pedófilos (não digo em Portugal, que os não há). A propósito, é impressão minha ou o Bibi tinha uma tez aciganada? Estou desconfiado de que o era.

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