sábado, 27 de junho de 2020

ESCUMALHA


Todos os dias chegam notícias de gente nos EUA a criar problemas por recusar o uso da máscara cirúrgica, ao mesmo tempo que o negócio das máscaras estampadas conhece forte incremento. As justificações apresentadas para não usar máscara são diversas: a máscara mata, a máscara é coisa de comunistas, a máscara ofende a liberdade de expressão, a máscara é uma invenção do demónio, o que é bonito é para se ver. Isto é real, há vídeos de gente a ser julgada onde se escutam estes argumentos. Também parece não ser novo. No canal História lembra a polémica em torno do uso de máscaras durante a pandemia de 1918. Nem sei o que diga. Havia em mim uma certa desconfiança, mas o benefício da dúvida impunha-se e o coração reclamava condescendência. Esta pandemia veio alterar qualquer coisa no meu modo de olhar para as pessoas. A nuvem tóxica que cobre o planeta é mesmo a ignorância. Uma pessoa pode ter as convicções políticas e religiosas que quiser, pode até não ter nenhumas, o que faz a diferença é só a ignorância, a burrice, a estupidez, o culto de boçalidade para o qual tem contribuído a ganância, a ambição, o dinheiro, sempre a merda do dinheiro, a luta desenfreada por audiências e capital. E as redes aí estão a dar voz a esta gente, e os reality shows a fazerem destes grunhos estrelas descartáveis. O "burgessecismo" faz escola, ganha terreno, com adorações a Tillys e Olavos e terraplanistas e todo o tipo de escumalha cujo método consiste em desacreditar a ciência e o conhecimento para impor os mitos e as conspirações com os quais manipulam as cabeças permeáveis de milhões de pessoas. Com a escola negligenciada, com a cultura desprezada, vai ser cada vez pior. Enquanto o foco for exclusivamente económico e capitalista, enquanto os mercados determinarem e a especulação financeira ditar as regras, será cada vez pior.

1 comentário:

sonia disse...

Concordo totalmente consigo. Já estou por me decidir a deixar rolar isso tudo para que ao menos nessa fase final da vida possa estar menos de mal com o mundo como ele é. Afinal, vou deixá-lo e posso ter certeza de que o que sofro por ver tanta boçalidade não vai ajudar em nada. Talvez continue sendo ética e ajudando a quem precisa, quando puder.
Abraço.