sábado, 29 de agosto de 2020

ACORDAR?

 Duas percepções deprimentes da actualidade: a jornalista bêbada e a cidadã histérica.

 

Primeira: odeio a CMTV, um canal que tem tudo para ser objecto de repúdio. Não a jornalista alcoolizada. Se alguma coisa há que deva ser criticado nas imagens que por aí circulam, é a pulhice dos colegas de trabalho que as meteram a circular. Há muitas razões para uma pessoa beber, poucas para trabalhar alcoolizado. O que vejo naquelas imagens é doença. Não gozo com a doença.

 

Segunda: detesto Marcelo Rebelo de Sousa, ainda que depois de Cavaco o julgue um anjo na Terra. A abordagem que lhe foi feita na rua, por uma cidadã revoltada de telemóvel erguido, porventura transmitindo em directo ou gravando a actuação (com que intenções?), é o espectáculo da demagogia. Aquele telemóvel é uma arma, aquela interpelação não pode ser respondida naquelas circunstâncias. Marcelo hesitou, sabendo que sairia sempre a perder, apesar de a cidadã em causa demonstrar não entender ou não querer saber das regras que determinam o jogo democrático. Se soubesse, não perguntaria a Marcelo por que não demite o Governo? Não diria sequer que é ele quem mais manda, pois não é. Quem manda mais é a Assembleia da República, onde é suposto o povo estar representado em função de resultados eleitorais. A última pergunta que é feita a Marcelo, deixando-o sem palavras, também é muito popular entre as gentes: quer trocar comigo? Imaginemos que Marcelo dizia que sim. Para simplificar, imaginemos que a pergunta era feita a Cristiano Ronaldo e não ao presidente. No fundo, o que estava em causa era a discrepância de rendimentos auferidos pelo Presidente e pela Cidadã. Imaginemos então que Cristiano aceitava trocar de lugar com a Cidadã. Quem gostaria de ver esta a jogar à bola?

 

Se é a esta demagogia que chamam "acordar", bem podem os portugueses ficar preocupados. Não tarda estaremos como o Brasil.

2 comentários:

sonia disse...

Vindo de Portugal me envergonha muito que nossa imagem esteja tão suja. Embora tenha que concordar....

Diogo Almeida disse...

As bebedeiras só se perdoam aos escritores.