Os últimos 35 anos da democracia portuguesa foram um
sonho. Tivemos um Nobel da Literatura, a Expo 98, várias capitais europeias da
cultura, ganhámos o Euro de futebol aos franceses, fartámo-nos de semear o
futuro com património cultural imaterial da humanidade. O que seria de nós, por
exemplo, sem a arte chocalheira? Portanto, o que aí vem só pode ser deveras animador.
Eu, para já, vou de férias. Não levo benzodiazepinas na bagagem, benza-as deus,
o que faz de mim uma criatura excepcional. Mas levo, a tilintar repetidamente
no fundo do coração, a frase, a grande frase, a frase que melhor nos identifica
neste tempo que passou: “Enfim, é fazer as contas.” Se bem se recordam, foi
proferida há anos pelo actual secretário-geral da Organização das Nações
Unidas. Um bom homem, muito amigo do seu amigo padre Melícias. Estamos bem
entregues. Também levo livros, a pior invenção da humanidade, para equilibrar
alma e corpo. Estou com cabeça a menos para a barriga que ganhei no último ano.
Quero ver se arranjo cognomes para tanto aristocrata à minha volta. Uma pessoa
até fica sem saber como se comportar, tantos são os príncipes e as princesas
desta chafarica chamada Portugal.
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