sexta-feira, 21 de agosto de 2020

ESCULTURA

Era uma vez um escultor a quem encomendaram uma escultura. Colocaram um pedregulho enorme à sua frente e pediram-lhe que esculpisse a escultura perfeita. Passaram várias horas sem que ele descolasse os olhos da pedra, a observar-lhe a superfície e a perscrutar-lhe os veios. Quando finalmente decidiu que forma dar ao bloco, pegou no martelo, no cinzel e começou a esculpir. Maçou, cortou, partiu, dias, semanas e meses a esculpir até obter a forma perfeita. Passados meses sobre a data da encomenda, alguém o visitou para averiguar dos progressos realizados. Deu com o escultor coberto de pó, enterrado em pó. Era tudo quanto sobrava do bloco. Pó.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vendo o estado da encomenda, o cliente pegou no iphone, percorreu a lista de contactos até chegar às instalações artísticas, contratou um zé-coitado a recibos verdes que chegou ao local, viu aquele pó todo acumulado no chão e escreveu com uma tábua que retirou da estrutura de transporte da pedra "ao pó voltarás". Dias depois chegou uma equipa de filmagem que fez um documentário sobre a dualidade da existência, o encontro geracional e a finitude da vida. Salvam-se os risos das crianças e os nossos quando os há!