terça-feira, 8 de dezembro de 2020

LET’S GET LOST (1943)

 


Ficaste incrédula quando te mostrei o original de Let’s Get Lost na voz de Mary Martin, durante uma cena do insuportável Happy Go Lucky. Nunca nada é aquilo que parece, disse-te, mas tu acusaste o fastio que te causava a minha tendência para banalidades. Ambos preferimos a versão de Chet Baker, estranhamente alegre na voz de um tipo que desceu aos infernos. Mais banalidades, é um facto. A questão que se me coloca agora, talvez não tão banal, é quando voltaremos a perder-nos nos braços um do outro. Ora aí tens uma banalidade que eu suportaria sem tédio algum, os dois nos braços um do outro a trautear melodias de sonho, como certo dia à sombra de um plátano, certa tarde numa esplanada à beira mar, certa noite envergonhados um do outro. A verdade é que sinto saudades de te amar, apesar de nem por um segundo das nossas vidas ter deixado de te amar. Falido, com o corpo tão vazio como a conta bancária, que posso eu ainda esperar? Observar-te do lado de fora, enquanto no interior danças com os mais ricos dos homens neste mundo. Ricos por te terem nos braços.

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