OUTRO REMÉDIO
Sentas-te no silêncio
dos cobardes
essa multidão
num sítio onde a vida
vai passando, vendida ao
veneno de um dia
depois do outro
Vais remando
com os dois braços
rumo a rotinas e rituais
Dizes apenas o necessário
encostado à almofada
com o rosto escondido
sob a pele
Não tens remédio —
mais que uma nação
és a hibernação de
todo um estado
mas hás-de te salvar
hás-de nos curar
(coitados)
hás-de viver
sentado.
Susana Araújo, in Discurso Aos Pacientes Cirúrgicos, não (edições), Setembro de 2020, p. 59.
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