omalucO da guerrA no relógiO da vida
. SILÊNCIO:são nove do relógio na parede suspensA .o ponteiro franzino do tempo gira para a direita da órbitA:- antes que eu me esqueça, é noite no que digO´ .a rebeldia fuma ganja no lombo do murO .oquarto, estáfrio e polutO .miro o berço incolor da esperançA .apalpo a bobina da máquina de costura que a avó me escolheu herdeirO: tristeza é o nomE .maconde de gemA . tomo a caçula nos braçoS. o cotovelo dorido, nesse excesso de zelo, falece-me o interruptor da luZ .o coelho dorme com olhos abertos.não há lume sem oxigénio para fósforO. insípida é a brisa da angústia, por isso, detenho-me no corredor da vivenda do TempO:- Deus,colega do bar, passa-me a quitação da vidA - masco o medo no beiçO.fito a nuca da fraquezA .ponho a baioneta na ilharga da firmezA .miro o carvão que se estatela com bojo pálido na vanguarda da estaçãO. não há sino floreado para a falênciA:pai, estou a morrer toda a mortE - varrandeam-se os cachimbos próximo do criadoR .a vida corre na cumplicidade do autocolismO . umfundíulojanelou-me o joelhO .cai-me o maxilar no chão da misériA .oolho, jorra sangue que desagua na ferrovia do desejO:- não morra, antes do sol, esperançA! há amor nos limítrofes da angústiA .ascigarras roem as garraS.os gatos circuncisam os ratoS .afagoa córnea da fraqueza. ergo os miolos, e pestanejO.já tenho o Centro na nuca dos trilhos .quem me dera voltar um diA:
eagorA?!
. são dez do pulso na vitrina do desejO .estendo-me na madeira da esperA .releio a independência na cartilha da promessA .busco o norte inflamado com os rins doridoS.ebelisco a minha paciência que cospe l+ingua no chuvisco da resistênciA:- pai, falta muitO?!não, estamos no átrio do cabO .bisbilhoteio a baíA .cavo fundo para o semprE .reformo a dor da esperançA .que merda da miopiA .projécteis e estrelas cintilam no perímetro do firmamentO .jásinto os cardíacos batimentos que me morremneste concerto de desconcertos. não há honestidade sem farnel. .háutensilios no relento da agoniA .o alguidar cicia para a lavrA .galosdesafinam os cacarejoS .petizes degustam a côdea das ramelaS: -senhor, tenha dó, e piedade, dos que partem sem adeuS -o quinino franze o rosto para a mão que lhe embrulhA .o médico reza o terço no umbral da latrinA .opárocomasturba-se na fé da pia baptismal. .semdeus. sem rosário, neste nosso casinholO .e,no mastro da ferrugem,rabisco a funestador do peitO: bíblia, e alcorão, no vazio da fÉ .apólvora concubina-se com o nó da gravA:-porra, marimbo para a prosa,essa é para as rosas, a poesia para os homenS.
. mortE:silênciO
FomE:SilênciO.
. ChorO:SilênciO
. o luto não cabe no perímetro da páginA .embrulho a lágrima com o vestido do juiZ.coloco insígnias a minha mãe que dorme na eternidade da canoA:-é para ti, Decapitada da Conceição Coitada Nação, heroína do tiroteio da nudeZ.
.SILÊNCIO.
Ernestino Muhate, in Ilusão em Tempos de Guerra / Guerra em Tempos de Ilusão, fanzine, Gala-Gala Edições, Novembro de 2020, pp. 17-18.
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