Pior do que perder-te seria saber-te perdida, ficar ainda mais só nesta bola de escaravelho a remoer angústia com a garganta fechada a sete chaves. O rosto nas costas e um bafo a saturação resfriando contra as paredes cobertas de musgo. Pior seria ver extinto o fogo dos olhos, as pálpebras transformadas em cinza resignada e entre uma e outra a distância dos desertos. Muito pior seria a metáfora neo-romântica deste amor necrófilo que invadiu os dias, o vento a chicotear de chuva o vidro das janelas fechadas. Os beijos já não têm força de beijos. Exangues e secos como o pó que adolesce por todo o lado, os beijos são a trepidação que resta dum motor avariado. Só falta deitar a chave ao lixo. De preferência, depois de aberta a garganta.

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