Composta por Neal Hefti para a Count Basie Orchestra, é considerada uma lição de como swingar num ritmo lento. Basie não queria que fosse tocada como uma balada, mas num tom meditativo. Um falso lento, dir-se-ia por cá adoptando a terminologia futebolística. Drunk-stupor, diz-se por lá em vocabulário adequado à ocasião. Ideal para os dias que correm, enquanto se atravessa uma avenida vazia ou se visitam campas no cemitério. A tristeza que paira no ar não é hostil. Se fosse, a gente desembaraçava-se dela aos murros. Talvez seja a isto que se chama melancolia, uma tristeza sedutora, consentida, que convida para dançar, e a gente aceita porque se sente incapaz de dizer vai-te embora. Como uma amante antiga que nos visita de noite, envolta num nevoeiro disperso pela melodia assobiada. Batemos o pé, estalamos os dedos, assobiamos, mandamos vir um copo antes que a morte deitada a nosso lado nos acorde. Que é feito da paixão com que desenhávamos catástrofes no ar? Apagou-se. É a vela de aniversário há décadas mordida e guardada numa caixa como recordação.
Sem comentários:
Enviar um comentário