Já ninguém sabe quem foi Earl Hines, o mais influente pianista
de jazz a par de Art Tatum. Foi o primeiro afro-americano a tocar na rádio, em
1921. Há precisamente 100 anos. Parceiro de Louis Armstrong, com quem chegou a
partilhar um carro, acabou a liderar uma grande orquestra em Chicago no The
Grand Terrace (propriedade de Al Capone). Dizzy Gillespie e Charlie Parker fizeram
parte da banda. Nat “King” Cole também. Eram o único agrupamento de negros a realizar digressões pelo sul, sob ameaças, intimidações, atentados à bomba, evitando
contactos com fãs brancos. Com parte dos músicos a servir no exército durante a II
Grande Guerra, contratou mulheres para continuar a actuar. Chegou a ter uma orquestra
composta por 17 homens e 11 mulheres, algo extraordinário para a época. Sarah
Vaughan era uma delas. Tornou-se, por
essa altura, uma das maiores influências do bebop. Escute-se o tema Rosetta.
Quando as big bands perderam fulgor, voltou a juntar-se a Armstrong. Mas queria
liderar, fez os seus próprios grupos. A lista dos músicos com quem gravou é interminável.
Estão lá quase todos os que importam. E há os solos, como se estivesse rodeado
de uma big band. O piano de Earl Hines faz esquecer ausências. Ouçam o que ele
fez com Do Nothin’ Till You Hear Form Me ou Just Squeeze Me, de Ellington. Só em 1974 gravou 16
álbuns. São mais de 100 enquanto viveu. Se um homem destes cai no esquecimento,
esperar o quê das nossas vidas? Apenas o instante vale, aqui e agora, estar desfrutando
de estar. O futuro é mera vanidade, o passado exemplo. Valha-nos que o mar fica perto e chama por
nós.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
SECOND BALCONY JUMP (1970)
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