Passei o dia a ouvir dEUS, as coisas que me diz. Aprecio cada vez mais a delicadeza nos homens, tanto quanto me impaciento com querelas estéreis. Contra palavras inconsequentes, gestos simples. O amor ao próximo, no fundo, era uma proposta ingénua e sem consistência. É preciso aprender a desprezar o próximo que nos fere. Não se trata de fugir ao debate, ao confronto, à discussão, trata-se de fazer um esforço para encontrar uma linguagem acessível que permita comunicar com clareza. Como fazer chegar ao outro a voz de dEUS sem que ele alguma vez o tenha escutado? É o mesmo que pretender explicar Dante a quem nunca tenha lido A Divina Comédia. Há coisas que não se entendem senão mergulhando nelas, conspurcando o corpo nelas. Há quanto tempo andamos a procurar uma definição para amor? Será possível uma definição convincente de amor que não passe por amar? Duvido. Manneken Pis bem no centro de Bruxelas, no que podia ser uma imagem inspiradora tanto da voz de dEUS como do amor. O problema é ser difícil fazer com que a generalidade das pessoas compreenda quanto de linguagem sagrada há no alívio proporcionado por uma mijadela no centro do Império. Não terá sido por acaso que optaram por uma criança e não por um homem ou uma mulher agachada, nem por um bebé com fraldas. É uma imagem libertadora que transmite a confiança própria de quem se dá a beber ao outro, como o filho de dEUS dizendo aos apóstolos: tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados. E todos o derramamos. O mijo cura feridas. Nunca te disseram?
5 comentários:
Não sei com que dEUS é que andas a falar, mas tu acreditas mesmo naquilo que escreveste aqui ou estavas só, mais uma vez, sem nada de relevante para dizer? É que como apontamento humorístico é apenas pífio; como tentativa de exegese semiótica seja lá do que for, pois é lá uma coisa tua; e como pirueta contricional soa, unicamente, a uma profunda e leviana hipocrisia. Olha lá com alguma seriedade para o que andas a fazer há tanto tempo e depois, sem corar, debita lá novamente esse mambo-jambo de alergia a questiúnculas estéreis e de gestos simples. Tu que sempre correste atrás delas como de "pão para a boca". E para continuarmos nas frases feitas, numa "linguagem acessível que permita comunicar com clareza", em ti o "olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço" conhece todo um novo alcance e a "conversa para boi dormir" ainda dá, com jeitinho, para derrubar as toneladas a mais de qualquer mamute. Fica lá então com o teu novo eu, na companhia de São Jerónimo, que a mim a trovoada embala-me.
Sim, Henrique disseram-me e desde então tenho vontade de mandar alguém para a cama para que nela possa fazer xixi à vontade.
Ah, ah, ah. Muito bom. Ora aí está um conselho a ser ponderado: ó pá, vai para a cama fazer xixi. :-) Ainda pensam que é filosofia:
http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/2014/05/filosofia-do-mijo.html
Ai as malhas da inconsciência. Acreditas que não me lembrava que me lembrava? Às vezes tenho escrúpulos de comentar porque enfim é insuportavelmente expansivo conversar em público. Portamo-nos sempre como quem invade um lar um comboio ou uma clínica empunhando um megafone para declamar constatações inauditas sobre a natureza humana tais como quem aprende com os erros é incoerente. Fiquem a saber. Ainda por cima denunciam a irrelevância e a hipocrisia - uma postura que não convém à minha tendo em conta que facilmente eu venderia a minha mãe por um colar de missangas. Ah e não venham com nhanhices de que me estou a meter em conversa alheia depois de aqui a terem tido. Poderia tomar isso por hipocrisia ou - o horror - contradição. Saúde rapaiz e a todos.
Aqui, a Marina mete-se quando quiser. Isto é mesmo um comboio em andamento. Quem entra, pode ficar a olhar para paisagem, meter conversa com o vizinho do lado, fechar-se na casa de banho a fumar ou abrir a janela dos corredores para arejar. Só não pode adormecer, ainda lhe roubam a bagagem. Saúde.
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