quinta-feira, 13 de maio de 2021

PARA UMA ESTÉTICA DO CIVISMO

Ontem, várias televisões insistiram em comparar o civismo dos peregrinos em Fátima com o barbarismo dos adeptos de futebol. Ao mesmo tempo, na Faixa de Gaza, o civismo da fé e da política fazia mais vítimas. O mundo é complexo. Eu também gosto muito de comparações parvas, mas tenho cada vez menos paciência para cursos de padreco por correspondência. A paixão pelo futebol é, como qualquer paixão, irracional. Por isso é que é paixão. Pela parte que me toca, sinto-me deveras confortável no papel de adepto apaixonado. Como não gosto de touradas, de caça, do festival da canção, de feiras medievais com tasquinhas para bêbados finos, nem de raves psicadélicas em Fátima, ainda há esperança para mim. Também não frequento a feira do livro de Lisboa. Equilibro a balança com leituras de Walter Benjamin em praias selvagens, poupo em ansiolíticos e comprimidos contra a depressão. Experimentem a alegria de viver e a felicidade momentânea que faz bem. Que a dos outros não vos impeça de amar o próximo como a um semelhante.

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