Esta noite sonhei que o QI médio da população mundial diminuira drasticamente. As pessoas estavam a ficar literalmente burras. O focinho e as orelhas dos humanos haviam crescido exponencialmente, tal como outras partes do corpo. Os portugueses falavam agora uma espécie de mirandês zurrado, entendiam-se na perfeição apesar de um ou outro coice na gramática. Todos de quatro, o corpo coberto por uma pelagem grossa, andávamos deveras orgulhosos por finalmente o veganismo haver vingado junto da população. Fui à pata para Paris, onde havia burrinhas muito jeitosas que também comunicavam numa espécie de mirandês zurrado. Nunca o meu francês foi tão inteligível. A guerra acabara no mundo, assim como as religiões e a filosofia. Éramos felizes. Satisfazíamos as necessidades quando sentíamos necessidade de as satisfazer, todos, indiscriminadamente, apesar de um coice ou outro para espantar moscas. Acordei muito consolado. Gostei de me sentir na pele de burro. Sem humanos por perto.
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