Reproduzo a notícia tal como vem na Sábado:
"Rui Moreira recusa cedência do Rivoli a concerto
pela paz apoiado pela CDU. Autarca diz que a cidade do Porto "não pode
patrocinar" uma iniciativa promovida "sob a égide de um partido
político que tem vindo a branquear o hediondo ataque da Rússia". Em
protesto, organização realizou manifestação em frente ao Rivoli. A SÁBADO teve
acesso exclusivo aos documentos."
A decisão do Presidente da Câmara do Porto é grave por
dois motivos:
1. acusa a CDU de branquear o ataque da Rússia, o que é
falso;
2. não cede um espaço da Câmara por razões políticas.
No segundo caso, estamos perante uma decisão que configura
um acto de censura num país democrático. Isto em cima do início das
comemorações do quinquagésimo aniversário do 25 de Abril de 1974. O segundo
parágrafo da carta acima reproduzida é revelador. A partir de agora, qualquer
município sentir-se-á legitimado a não ceder um dos seus espaços por razões
políticas baseadas em leituras subjectivas. Isto é inaceitável, sejam quais
forem os intervenientes.
No primeiro, estamos perante uma falsidade como
justificação para um acto de perseguição política. Rui Moreira não tem que
concordar com as posições do PCP relativamente ao conflito em causa, o que não
pode é usar essa discordância como fundamento para uma limitação coerciva da
actividade desse partido. Que, como sabemos, não foi proibido em Portugal.
Esta guerra também tem servido para perceber quão débil é
a nossa democracia, tão atreitos que somos ao pensamento único e tão
indisponíveis nos revelamos para compreender quem não pensa exactamente como
nós. O objectivo de todos é a paz. Se na cabeça de alguns apenas um caminho é
possível para alcançar esse objectivo, o da censura e da intolerância e da
tirania do pensamento, então bem podemos preparar-nos para o pior. Ele virá.
Até porque, pelo visto, já ninguém se incomoda com estas coisas.
2 comentários:
What the f... E "no pasa nada"
Qual democracia? Chamemos as coisas pelo nome e esta "coisa" a que chamam democracia não passa de uma fantasia de quem a nomeia de quem a alimenta, de quem a apoia num também fantasioso sufrágio e quem acredita que ela é realmente aquilo que nem em sonhos parece. Já está bom, já chega...aprendamos a viver sem estado, não faz falta. Um abrazo em chamas!
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