Dezanove crianças e duas professoras mortas em tiroteio numa escola primária do Texas. Biden interroga-se: «Por amor de Deus, quando vamos enfrentar o lobby das armas?» Isto foi dois dias depois de o mesmo Biden admitir usar a força para defender Taiwan da China. Os chineses não gostaram, fizeram de imediato saber que os EUA estavam a brincar com o fogo. Brincar com o fogo tem aparecido entre aspas nos jornais, mas nós evitaremos as aspas neste caso. Nem aspas nem mas, as coisas são como são. Certo? Henry Kissinger, ex-secretário de estado dos Estados Unidos, foi ao Fórum Económico Mundial de Davos apelar ao Ocidente para não infligir derrota pesada a Moscovo e pediu “sensatez” à Ucrânia. Com aspas. Sugeriu que fosse cedido território aos russos, declarando peremptoriamente: «Espero que os ucranianos correspondam ao heroísmo que demonstraram com sabedoria.» Outro putinista, certamente. Biden vem correspondendo aos apelos de Kissinger acelerando o envio de armas para a Ucrânia. Com isto, indústria da defesa com valorizações de dois dígitos desde o início da invasão. Vem nos jornais. Diz-se indústria da defesa para não se dizer indústria do ataque. É da defesa para a Ucrânia, é do ataque para a Rússia, é divinal para quem vende. São armas, Senhor, são armas. «Por amor de Deus, quando vamos enfrentar o lobby das armas?» Se o assunto é com Deus, escutemos o papa Francisco: «Estou muito longe de poder responder à questão sobre se é certo fornecer armamento aos ucranianos. O que está claro é que as armas estão a ser testadas naquela terra. Os russos sabem agora que os tanques são de pouca utilidade e estão a pensar noutras alternativas. As guerras são travadas para isso: para testar as armas que produzimos.» Fim de citação. Também devemos a Francisco algumas afirmações curiosas sobre a OTAN. No início de Maio sugeriu que a OTAN pode ter tido responsabilidade na invasão da Ucrânia. Outro putinista, certamente. Não interessa. Para quê contextualizar? No Texas é que se está bem.
quarta-feira, 25 de maio de 2022
SÃO ARMAS, SENHOR, SÃO ARMAS
Dezanove crianças e duas professoras mortas em tiroteio numa escola primária do Texas. Biden interroga-se: «Por amor de Deus, quando vamos enfrentar o lobby das armas?» Isto foi dois dias depois de o mesmo Biden admitir usar a força para defender Taiwan da China. Os chineses não gostaram, fizeram de imediato saber que os EUA estavam a brincar com o fogo. Brincar com o fogo tem aparecido entre aspas nos jornais, mas nós evitaremos as aspas neste caso. Nem aspas nem mas, as coisas são como são. Certo? Henry Kissinger, ex-secretário de estado dos Estados Unidos, foi ao Fórum Económico Mundial de Davos apelar ao Ocidente para não infligir derrota pesada a Moscovo e pediu “sensatez” à Ucrânia. Com aspas. Sugeriu que fosse cedido território aos russos, declarando peremptoriamente: «Espero que os ucranianos correspondam ao heroísmo que demonstraram com sabedoria.» Outro putinista, certamente. Biden vem correspondendo aos apelos de Kissinger acelerando o envio de armas para a Ucrânia. Com isto, indústria da defesa com valorizações de dois dígitos desde o início da invasão. Vem nos jornais. Diz-se indústria da defesa para não se dizer indústria do ataque. É da defesa para a Ucrânia, é do ataque para a Rússia, é divinal para quem vende. São armas, Senhor, são armas. «Por amor de Deus, quando vamos enfrentar o lobby das armas?» Se o assunto é com Deus, escutemos o papa Francisco: «Estou muito longe de poder responder à questão sobre se é certo fornecer armamento aos ucranianos. O que está claro é que as armas estão a ser testadas naquela terra. Os russos sabem agora que os tanques são de pouca utilidade e estão a pensar noutras alternativas. As guerras são travadas para isso: para testar as armas que produzimos.» Fim de citação. Também devemos a Francisco algumas afirmações curiosas sobre a OTAN. No início de Maio sugeriu que a OTAN pode ter tido responsabilidade na invasão da Ucrânia. Outro putinista, certamente. Não interessa. Para quê contextualizar? No Texas é que se está bem.
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