O primeiro álbum de Bob Dylan foi editado há 60 anos.
Significa isto que o homem contava uma dúzia de anos em gravações quando eu
nasci. Em 1991, foi com canções da sua autoria que aprendi a tocar guitarra.
Nessa altura, Dylan já tinha três dezenas de álbuns publicados. Descobri-o
muito novinho numas colectâneas das Selecções do Reader’s Digest, através da
versão dos The Byrds para Mr. Tambourine Man, Mighty Quinn pelos Manfred
Mann e All Along the Watchtower por Jimi Hendrix, canção mais tarde reaproveitada
pelos U2 num disco que ouvi muito pelos meus 14 anos. O próprio Bob Dylan
estava representado nessas colectâneas com Lay Lady Lay, tema do álbum
Nashville Skyline (1969). Há dias, vínhamos em viagem quando alguém perguntou
quem tinha escrito Like a Rolling Stone. Adivinhem. Andam para aí versões
para todos os gostos das canções deste inesperado Nobel da Literatura. Os
medíocres Guns N’ Roses fizeram um sucesso danado com Knockin’ On Heavens’s
Door, canção escrita para um dos melhores westerns de Sam Peckinpah: Pat
Garrett & Billy the Kid (1973). Jeff Buckley canta Just Like a Woman como poucos se atreveriam, P. J. Harvey pegou em Highway ’61 Revisited.
Enfim, a lista é longa. Ouço muita gente dizer-me que não gosta de Dylan por
causa da voz, que o Nobel teria ficado melhor nas mãos de Cohen ou de Tom
Waits, que isto e aquilo. São opiniões. Qual é a minha canção preferida de Bob
Dylan? Sei lá. Era capaz de escolher uma por dia, 365 por ano. Descobri tanta
coisa a ouvi-lo. Talvez não saibam que Blowin’ in the wind, celebrizada por
Peter, Paul and Mary no álbum In the Wind, publicado exactamente no mesmo ano
de The Freewheelin’ Bob Dylan (1963), tem a melodia de um espiritual negro
que era cantado por escravos no Canadá. Pode ser essa a minha canção preferida
de Dylan, um hino à liberdade em tom interrogativo.
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