sexta-feira, 5 de agosto de 2022

ANTOLOGIA PALATINA

 


MARCUS ARGENTARIUS

Quando eras rico, Sosicrates, eras amado,
mas a pobreza curou-te de tal sarna.
Menophila, que te chamava querido Adonis,
doçura, agora pergunta: «Quem és tu, 
e donde, de que cidade?» Aprendeste,
à tua custa, o ditado: não tem
amigos quem está nas lonas.



O sexo com mulheres
é o melhor para um homem sério.
Uma sugestão, se desejares o outro:
dá a volta a Menophila, na cama,
dirige-te às nádegas mimosas
e é fácil fingir que fodes o irmão.


Pássaro danado, porque me roubaste
o sonho delicioso com Pyrrha?
Esta é a tua paga pelo teu sustento
e do teu harém de poedeiras?
Pelo ceptro e o altar do sagrado
Serapis, juro que terá a tua carcaça,
em sacrifício;
não mais cantarás, à noite.


Garrafa, velha companheira, amiga
das medidas do vinhateiro, doce
tagarela de boca risonha e longo
pescoço, bem-vinda, testemunha
secreta da minha pobreza (pouco
fizeste para a aliviar), de novo
te tenho na mão; mas preferia
que não contivesses mistura,
como virgem na cama do noivo.


Psyllas jaz aqui. A sua ocupação
proxeneta; mantinha um bando
de raparigas e alugava-as para festas.
Um negócio pouco simpático, ganhar
dinheiro com carne humana e fraca.
Mas poupem o seu túmulo, não atirem
pedras, agora que está morto e enterrado.
Lembrem-se disto: os serviços que prestou
convenceram os rapazes a deixarem
as nossas mulheres sossegadas.


Poemas da Antologia Grega, versões de José Alberto Oliveira, Assírio & Alvim, Fevereiro de 2018, pp. 43-44.

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