sexta-feira, 19 de agosto de 2022

VISTO GOLD À SACANAGEM

 


   A memória, já sabemos, é para onde dá e como convém. Por vezes dá voltas ao estômago.
   A fotografia é de Ebru Timtik, advogada turca que morreu na sequência de uma greve de fome de 238 dias depois de condenada, em 2019, a 13 anos e 6 meses de cadeia, juntamente com outros 17 advogados, supostamente por ligações ao "grupo armado ultra-marxista Partido Frente Revolucionária de Libertação do Povo (DHKP-C)". Interpretem como quiserem.
   A senhora apenas exigia um julgamento justo, depois de haver sido denunciada por gente anónima e de lhe barrarem o acesso a supostas provas que serviram a acusação e justificaram a condenação. Resta dizer que era de origem curda e defendia vários casos relacionados com violações graves dos direitos humanos na Turquia.
   Lembrei-me dela por duas razões. A primeira foi a leitura de um poema do Nuno Dempster em que se refere o caso. A segunda é porque vi António Guterres sentado à mesa com Recep Tayyip Erdoğan, novo herói da diplomacia internacional, e Volodymyr Zelensky, novo herói do mundo livre. Esta gente sabe fazer-se intocável. O que eu não percebo é porque razão o povo dá ouvidos a este gente.
   E escusam de vir com "putinismos" e parvoeiras congéneres, que esse Putin já demos há muito por assumido ser um monte de esterco. Se a mim nunca cheirou bem, o mesmo não podem afirmar os cultores de vistos gold que naquela bosta viram bom estrume para as suas terras. É assim a nossa vida.

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