A memória, já sabemos, é para onde dá e como convém. Por
vezes dá voltas ao estômago.
A fotografia é de Ebru Timtik, advogada turca que morreu
na sequência de uma greve de fome de 238 dias depois de condenada, em 2019, a
13 anos e 6 meses de cadeia, juntamente com outros 17 advogados, supostamente
por ligações ao "grupo armado ultra-marxista Partido Frente Revolucionária
de Libertação do Povo (DHKP-C)". Interpretem como quiserem.
A senhora apenas exigia um julgamento justo, depois de
haver sido denunciada por gente anónima e de lhe barrarem o acesso a supostas
provas que serviram a acusação e justificaram a condenação. Resta dizer que era
de origem curda e defendia vários casos relacionados com violações graves dos
direitos humanos na Turquia.
Lembrei-me dela por duas razões. A primeira foi a leitura
de um poema do Nuno Dempster em que se refere o caso. A segunda é porque vi
António Guterres sentado à mesa com Recep Tayyip Erdoğan, novo herói da
diplomacia internacional, e Volodymyr Zelensky, novo herói do mundo livre. Esta
gente sabe fazer-se intocável. O que eu não percebo é porque razão o povo dá
ouvidos a este gente.
E escusam de vir com "putinismos" e parvoeiras
congéneres, que esse Putin já demos há muito por assumido ser um monte de
esterco. Se a mim nunca cheirou bem, o mesmo não podem afirmar os cultores de
vistos gold que naquela bosta viram bom estrume para as suas terras. É assim a
nossa vida.

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