Enquanto
te serves de um uísque,
esmagas
uma barata, olhas para o relógio,
enquanto
compões a gravata,
há
pessoas a morrer.
Em
cidades com nomes curiosos,
atingidas
por balas, apanhadas pelas chamas,
em
regra sem saberem porquê,
as
pessoas morrem.
Em
pequenas localidades desconhecidas,
porém
vastas, que não deixam hipótese
de
gritar ou dizer adeus,
há
pessoas a morrer.
As
pessoas morrem enquanto eleges
novos
apóstolos da incúria,
do
autodomínio, etc. — pelos quais
as
pessoas morrem.
Demasiado
longe para o amor
pelo
vizinho/irmão eslavo,
onde
os querubins temem voar,
há
pessoas a morrer.
Enquanto
observas a pontuação dos atletas,
verificas
o último extracto, ou
cantas
uma canção de embalar ao teu filho,
há
pessoas a morrer.
O
tempo, cuja cortante sede de sangue separa
os
mortos daqueles que matam,
anunciará
a tribo derradeira
como
o teu grupo sanguíneo.
Joseph
Brodsky
Versão
de HMBF, a partir de “American War Poetry”, Columbia University Press, 2006,
pp. 340-341.
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