sábado, 27 de julho de 2024

ÚLTIMA CEIA

 
Os calimeros da extrema-direita estão indignados com a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, que, segundo eles, desrespeitou os pilares da civilização ocidental ao ter recriado uma Última Ceia em versão queer. Não vi a coisa nem quero ver, é espectáculo que não me interessa, mas dá-me um certo gozo observar aquela gente a falar de pilares do mundo ocidental como se esses pilares não estivessem na Grécia Antiga que inventou os Jogos Olímpicos, a democracia, era politeísta, levava os escravos ao teatro e não primava particularmente pela monogamia desenxabida de São Paulo. Alguém explique àqueles cromos que o Ocidente não nasceu no Vaticano, que não por acaso foi erguido sobre um templo onde se praticavam orgias, e que a civilização judaico-cristã não é pilar de nada a não ser de parabolanos e zeladores de um Deus que, a existir, há-de reservar a todos um lugar no Inferno pela hipocrisia militante que praticam quotidianamente.

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