domingo, 25 de agosto de 2024

DIÁRIOS

 
Leio a notícia da edição de um diário, género que muito aprecio, acompanhada de isco que nada me entusiasma: as referências pessoais a terceiros, tudo gente do chamado meio literário. Depois os exemplos que dão nota da presença do autor na Feira do Livro de Frankfurt, homenagens na Feira do Livro do Porto e no "evento Escritaria" (sic). Fiquei sem vontade nenhuma de ler. Não me interessa mesmo nada essa vida de festivais e recitais e feiras e eventos, essas passagens pelas passerelles mais ou menos parolas do dito meio. Falem-me de vida, foda-se, da participação em guerras e da luta pela sobrevivência nas trincheiras deste quotidiano social que é o nosso, falem-me de putas e de bêbados e de viagens ao desconhecido, contem-me dessas vezes em que se aventuraram às escuras no mar alto das experiências limite. Se não tiverem nada disso para contar, por favor guardem para vós o fastio de dias sem aventura que não seja conhecer este e aquele escritor em festas, feiras e festivais. Poupem as árvores, pobrezinhas, que os pássaros precisam de pouso e o ar anda muito poluído.

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