Escreve Joana Gorjão Henriques, no Público: "Discurso anti-sistema ou contra a corrupção, “subsidiodependência” e as populações ciganas marcaram campanha. Media tiveram um papel na propagação das suas ideias, dizem analistas." Algo está mal nestas conclusões. Não é tiveram, é têm. E vão continuar a ter. O modo como as televisões, todas sem excepção, cederam ao jornalismo tablóide no episódio do refluxo é só o lado caricatural de uma tendência há anos em desenvolvimento. As redes sociais fazem o resto neste serviço prestado à disseminação da barbárie. O problema é mais fundo, obviamente, tem as suas raízes numa brutal desinflação dos níveis de exigência na nossa sociedade. Começa num sistema de ensino dependente de estatísticas, passa pelas políticas municipais de entretenimento de massas, contamina as máquinas partidárias, instala-se numa sociedade rendida à religião da bola, às rave partys de Fátima, aos Big Brother e Casados à Primeira Vista, ao degredo absoluto e total de um mundo todo ele festas e festivais e feiras e parvalheira generalizada. Dêem copos ao povo, dêem-lhe circo, e cairão nas suas boas graças. Se para esse povo os dinossauros nunca existiram ou o holocausto foi o big-bang não interessa, pois quanto mais estúpido mais popular. A este culto da parvalheira há décadas instalado nas sociedades do espectáculo e do consumo juntem agora a testosterona e os esteróides da brutalidade que não é meramente retórica, antes pelo contrário, pois não estamos já no domínio da argumentação, chegámos ao ringue, à arena da crueldade, da bestialidade, do ódio. Observe-se o que tem acontecido nos EUA. Se julgam que na Europa americanizada será diferente, desenganem-se. A teoria da grande substituição está muito mal contada.
quinta-feira, 22 de maio de 2025
AMERICANIZAR
Escreve Joana Gorjão Henriques, no Público: "Discurso anti-sistema ou contra a corrupção, “subsidiodependência” e as populações ciganas marcaram campanha. Media tiveram um papel na propagação das suas ideias, dizem analistas." Algo está mal nestas conclusões. Não é tiveram, é têm. E vão continuar a ter. O modo como as televisões, todas sem excepção, cederam ao jornalismo tablóide no episódio do refluxo é só o lado caricatural de uma tendência há anos em desenvolvimento. As redes sociais fazem o resto neste serviço prestado à disseminação da barbárie. O problema é mais fundo, obviamente, tem as suas raízes numa brutal desinflação dos níveis de exigência na nossa sociedade. Começa num sistema de ensino dependente de estatísticas, passa pelas políticas municipais de entretenimento de massas, contamina as máquinas partidárias, instala-se numa sociedade rendida à religião da bola, às rave partys de Fátima, aos Big Brother e Casados à Primeira Vista, ao degredo absoluto e total de um mundo todo ele festas e festivais e feiras e parvalheira generalizada. Dêem copos ao povo, dêem-lhe circo, e cairão nas suas boas graças. Se para esse povo os dinossauros nunca existiram ou o holocausto foi o big-bang não interessa, pois quanto mais estúpido mais popular. A este culto da parvalheira há décadas instalado nas sociedades do espectáculo e do consumo juntem agora a testosterona e os esteróides da brutalidade que não é meramente retórica, antes pelo contrário, pois não estamos já no domínio da argumentação, chegámos ao ringue, à arena da crueldade, da bestialidade, do ódio. Observe-se o que tem acontecido nos EUA. Se julgam que na Europa americanizada será diferente, desenganem-se. A teoria da grande substituição está muito mal contada.
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