sábado, 5 de julho de 2025

UM POEMA DE JACQUES PREVEL

 


A solidão a morte a derradeira revolta
A de uma glória atirada ao tapete do tempo
E a paródia que desfigura qualquer dor
O cansaço e esses rictos que a vida não cessa de mascarar
Cuja substância é confundida com o esperma
Para uma beberagem mais amarga e mortal do que a miséria
Sou um monstro certamente
Pois estou ainda em agonia desde há anos
Uma agonia generalizada na derrisão
Na paródia da dor mais total

Jacques Prevel, in Sou Certamente um Monstro, - poesia reunida, tradução e prefácio de Diogo Paiva, Assírio & Alvim, Fevereiro de 2025, p. 104.

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