terça-feira, 28 de outubro de 2025

ESTIGMAS

 
Tendemos a julgar os "estigmas raciais" mais em função da cor da pele do que em função de preconceitos de classe, estereótipos políticos ou de um certo etnocentrismo cultural instalado no Ocidente. Ora, fenómenos como o de Bolsonaro no Brasil ou o de Trump nos EUA demonstram como estamos errados. Há tempos, li um artigo sobre o aumento de apoio a Trump entre os negros. Ventura também se gaba de ter ex-imigrantes na bancada do Chega, pessoas a que chama portugueses não originários. Hoje, mais do que a cor da pele, o que mexe com os nervos da extrema-direita que pulula nos corredores do poder é uma ideia de superioridade cultural relativamente a tudo o que não seja católico, evangélico, cristão. Eles não odeiam os hindustânicos por serem um pouco mais escuros do que os ruivos de Albufeira, mas sim por julgarem que os hindustânicos são todos muçulmanos. Mesmo os que sejam hindus ou budistas ou outra coisa qualquer. O que eles não suportam é o islamismo e o comunismo ou o socialismo, que os broncos dos states associam à imigração sul americana. Mais do que a cor da pele (os judeus odiados por nazis eram brancos), o que está sempre em causa é o modo como te vestes, a quem oras, a etnia a que pertences, o partido em que votas. O que eles odeiam é a diferença, o que não suportam é tudo o que não encaixe nos seus uniformes. O acolhimento aos ucranianos lourinhos nunca seria o mesmo a oferecer aos palestinianos escurinhos, não apenas por uns serem louros e os outros não. É que os primeiros são como nós, isto é, facilmente se ajoelham em Fátima, os segundos não.

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