«Ah, o olhar fácil, abutresco, dos (clinicamente)
não-intoxicados. A lampeirice dos que arquivam no desprezo (teórico e prático)
os e as que agarram a seringa ou a garrafa ou o comprimido – ou tudo junto; o
fareisísmo de quem se droga de «bom comportamento». A filha-de-putice dos
meninos e meninas exemplares, que curtem a deplorável acidificação de quem não
espera mais da vida do que o sucessozinho passageiro; aquele ferrado de polvo
com que agarram quem se aproxima dos tentáculos do «como-deve-ser». Puta filha
de puta de «legalidade»; como não cagar em ti, pra ser honesto? E porventura
sabe algum dos instalados o que aponta a porta estreita da liberdade? Fechados
no conforto das suas rodinhas, os como-eles, os instalados: cabrões, gerados
por (e gerados de) imperdoáveis cornos, com que agridem dia a dia todo o
progredir humano.»
Nuno Bragança, “Directa” (1977).
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