Karl Shapiro nasceu em Baltimore, Maryland, no dia 10 de Novembro de 1913, no seio de uma família mais dedicada aos negócios do que à literatura. No entanto, o poeta conta-nos que o pai conservava uma colecção de poemas de Oscar Wilde encadernados como se fossem uma Bíblia do demónio. Estudante mediano, Shapiro passou um ano na Universidade de Virgínia. O ambiente hostil que aí sentiu, devido à sua ascendência judaica, levou-o a querer mudar o nome para Karl Camden. Não mudou o apelido, mas mudou o nome próprio: de Carl para o germânico Karl. Esta consciência das raízes judaicas perseguiu-o sempre, tornando-se evidente após a publicação do livro Poems of a Jew (1950). Os primeiros poemas surgiram numa publicação privada que lhe valeu uma bolsa na Universidade Johns Hopkins. Quando tentava concluir os estudos para se tornar livreiro, foi chamado a cumprir serviço militar. Estávamos em 1941, Shapiro é destacado para o Teatro de Operações do Pacífico, onde começa a escrever poesia freneticamente, publica um poema na antologia Five Young American Poets: Second Series (1941), escreve quatro volumes de poesia. Alguns desses volumes foram sendo escritor nos países onde o poeta cumpria o serviço militar. The Place of Love (1942) vê a luz do dia na Austrália, Person, Place and Thing (1942) merece os elogios da crítica, V-Letter and Other Poems (1944) aparece quando o poeta servia na Nova Guiné e conquista-lhe o Prémio Pulitzer de Poesia. Terminada a Segunda Grande Guerra, o poeta foi nomeado Consultor de Poesia da Biblioteca do Congresso, cargo que ocupou durante um ano. Entretanto havia casado com Evalyn Katz, sua agente literária durante os tempos da Guerra. Tiveram três filhos. Em 1948 vê-se envolvido numa polémica, ao recusar a atribuição de um prémio a Ezra Pound, cujas posições anti-semíticas eram sobejamente conhecidas. Abandona o cargo que então ocupava para se tornar professor de escrita na Universidade Johns Hopkins. Foi editor de poesia e de alguns boletins, assim como da Poetry: A Magazine of Verse. Na segunda metade da década de 1950 aceitou ainda um cargo como professor do Departamento de Inglês da Universidade do Nebrasca, abandonado posteriormente por lhe terem recusado a publicação de um conto que envolvia um homossexual. A publicação do livro In Defense of Ignorance (1960) fê-lo sentir o ostracismo da intelligentzia, assim como o abandono de muitos dos seus amigos do mundo literário. O seu estilo prosaico aproxima-o, por esta altura, dos poetas da Geração Beat. O livro The Bourgeois Poet (1964) é o mais representativo deste período. Foi ainda professor nas Universidades de Chicago e Califórnia, retirando-se no ano de 1985. Sobre a sua experiência universitária, disse: «I have a sort of special status around English Departments — I’m not really a professor, but sort of a mad guest». Divorciou-se da primeira mulher em 1967, para voltar a casar, no mesmo ano, com Teri Kovach, a quem dedicou o livro White-Haired Lover (1968). O livro valeu-lhe ainda o Prémio Bollingen de Poesia, partilhado nesse ano com John Berryman. Além de poesia, Karl Shapiro publicou ainda uma autobiografia em três volumes. O segundo volume intitulava-se Reports of My Death, parodiando a notícia que circulou na imprensa, em 1980, de que o poeta se havia suicidado. Discursando na terceira pessoa, num estilo claro e directo, Shapiro confessava inúmeras relações extraconjugais e uma profunda aversão à cena literária norte-americana. Em 1994, mudou-se com a sua terceira mulher, Sophie Wilkins, de Davis, Califórnia, para Nova Iorque, onde viveu os últimos dias em absoluto isolamento. Morreu no dia 14 de Maio de 2000. Na imagem ao alto estão o poeta, Evalyn Katz, a primeira mulher, e os seus três filhos. É muito provável que sem Evalyn a guerra tivesse sido outra. (adaptado daqui e de outros lugares)
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