Eu sei o sol a solidão o sono.
Eu sei os ralos o suor o gado
a sombra que se esconde.
A lagartixa sábia se insinua
nas entranhas do cântaro rachado.
A cal aquece nua
e esquece
o sonho emparedado.
No silêncio da sala a badalada.
Uma pancada só. Hora nenhuma.
No sótão as maçãs dormem a sesta.
Seu hálito ressuma.
No quarto a mosca o mosquiteiro a cesta
de vime toda cheia do bordado
que os meus dedos não sabem
mas pressentem
na sede deste verão abandonado.
Eu sei a espera o tempo o coração parado.
Eu sei os ralos o suor o gado
a sombra que se esconde.
A lagartixa sábia se insinua
nas entranhas do cântaro rachado.
A cal aquece nua
e esquece
o sonho emparedado.
No silêncio da sala a badalada.
Uma pancada só. Hora nenhuma.
No sótão as maçãs dormem a sesta.
Seu hálito ressuma.
No quarto a mosca o mosquiteiro a cesta
de vime toda cheia do bordado
que os meus dedos não sabem
mas pressentem
na sede deste verão abandonado.
Eu sei a espera o tempo o coração parado.
Rosa Lobato de Faria, in Poemas Escolhidos e Dispersos, Roma Editora, Outubro de 1997, p. 11.
5 comentários:
Isso é um belo poema.
O Tolan é um homem de bom gosto (ou será uma mulher? Cá para mim és a Clara Ferreira Alves :-)))))).
Também não sou fã, mas gosto de algumas coisas que escreveu. (Só não percebo qual era a obsessão dela com cestas e fruta....e neste poema lá estão elas!)
também não coube na antologia
Bluesy, os poetas têm as suas obsessões. Uns com as mães, outros com as mãos, outros com o vento, outros com o mar, outros com... cestas e fruta. :)
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